miércoles, 9 de abril de 2008

Viriato



Viriato

Se a alma que sente e faz conhece
Só porque lembra o que esqueceu,
Vivemos, raça, porque houvesse
Memória em nós do instinto teu.

Nação porque reencarnaste,
Povo porque ressuscitou
Ou tu, ou o de que eras a haste —
Assim se Portugal formou.

Teu ser é como aquela fria
Luz que precede a madrugada,
E é ja o ir a haver o dia
Na antemanhã, confuso nada.

(Fernando Pessoa, Mensagem)

3 comentarios:

Francisco Acedo dijo...

Chego da minha quinta em Portugal e acho esta tua homenagem ao Viriato. Muito obrigado pelo teu esforço de dar a conhecer as letras portuguesas. Adoro Pessoa, especialmente Mensagem, um dos seus livros mais crípticos, místicos e cheios de chaves escondidas, com essas divisões internas. A parte do brazão e espectacular, mas alguns dos poemas como Mar Português ou O Mostrengo são realmente de arrepiar. Enquanto fui professor de português utilizava muitíssimo esta obra com os meus alunos, não só pela qualidade literária, mas pelas connotações históricas.
Suponho que já sabes que a Mensagem é o único poemário que Pessoa publicou em vida em português, porque ele achava que apenas seria conhecido pela sua poesia inglesa. Paradoxas da vida!
Um abraço à espera do Quinto Império.

Antonio Norbano dijo...

Muito obrigado pelo teu comentário. Eu estudo português de um ano para cá e gosto imenso da poesia de Pessoa. Acho que a língua portuguesa já tem um conceito poético em si mesma, pela sua sonoridade, essas palavras que exprimem muito mais que o termo quere dizer… O outro dia eu comprei Mensagem e Aforismos e afins de Pessoa e estou a desfrutar imenso como eles.
Respeito ao Viriato é ums dos meus personagems preferidos da História Antiga, porque acho que a sua vida foi semelhante a uma tragédia clássica: sua infancia, seus núpcias, sua morte… Infelizmente em estos tempos não parece bem falar de certas figuras históricas como Viriato por correcção política. Eu lembro-me que em Cáceres nem temos nenhuma rua com o nome do herói lusitano, a pessar de que a sua presença por estas terras é testemunhada porque o cônsul romano Quintus Servilius Cepio perseguiu-lhe até aquí, onde levantou o campamento de Castra Servilia.
(Seguro que he cometido más de un atentado contra lengua portuguesa… mil perdones).

ANTONIO RDGUEZ.

Antonio Norbano dijo...

Perdón por el error. En Cáceres sí hay una calle dedicada a Viriato, cerca de la Plaza Italia, en las casas sindicales. No había caído en ello, porque desde hace año se venía hablando de la intención de cambiarle el nombre a estas calles, ya que muchas hacían referencia a la guerra civil y el franquismo (y todo eso que tan de modo estuvo). Sé que, por ejemplo, la calle 18 de Julio ha pasado ha llamarse Cayo Norbano Flaco. Desconozco que habrán hecho con el resto (me suena que había por ahí una calle Numancia y otras con nombre de pintores españoles...). Espero que la de Viriato no se les haya ocurrido tocarla.

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